Sinopse
Narrada pelo protagonista, o adolescente Alex, esta brilhante e perturbadora história cria uma sociedade futurista em que a violência atinge proporções gigantescas e provoca uma reposta igualmente agressiva de um governo totalitário. A estranha linguagem utilizada por Alex – soberbamente engendrada pelo autor – empresta uma dimensão quase lírica ao texto. Ao lado de “1984”, de George Orwell, e “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, “Laranja Mecânica” é um dos ícones literários da alienação pós-industrial que caracterizou o século XX.
A sorte, a sorte!, é que assisti ao filme antes de ler o livro e assim já conhecia a história. Não, não foi a ultraviolência horrorshow que me estabacou, e sim a gíria nadsat que o autor utiliza. As gírias originais em inglês baseiam-se no idioma russo e o tradutor conseguiu adaptar algumas pro português, mas a maioria não é intuitiva. O próprio autor incluiu um glossário no final do livro e recomenda a leitura do glossário antes de começar a ler o livro, só que é muita coisa e não dá pra decorar de primeira; preferi partir ca cara e a coragem e descobrir o significado pelo contexto da frase.
Laranja Mecânica pertence a um subgênero da ficção científica, a distopia ou antiutopia, em que o autor prevê uma sociedade acomodada ao bem-estar promovido pelo estado totalitário. Nesse cenário as pessoas têm suas funções, direitos e deveres estabelecidos por uma autoridade que se certifica de que o programa seja seguido à risca. A manutenção da satisfação social é um fator importante nesse tipo de sociedade distópica porque permite a manutenção do próprio poder do estado e do status quo. No caso de Laranja Mecânica o foco da crítica é o estado policial.
O grupo adolescente liderado por Alex encontra-se numa situação de vácuo de autoridade. Passam as noites cometendo atos de ultraviolência após consumir drogas até que Alex é preso e enviado para uma instituição correcional, onde se voluntaria pra um tratamento experimental behaviourista que promete sublimar os instintos violentos.
− Ser bom pode não ser agradável, 6655321. Pode ser horrível ser bom. E quando digo isto a você, eu compreendo como soa contraditório. Eu sei que vou passar muitas noites sem dormir por causa disto. O que é que Deus quer? Deus quer a bondade ou a escolha da bondade? O homem que escolhe o mal é talvez de uma certa forma melhor do que aquele a quem a bondade é imposta. Questões duras e profundas, 6655321. [pág, 104]
A questão do Bem Maior versus liberdade individual não é um tema direto desse livro, mas decerto é um fator que desencadeia a ultraviolência aleatória e gratuita, que é. Com a narrativa em primeira pessoa do Vosso Humilde Narrador, o leitor passa da repulsa inicial contra Alex e seus drugues à repulsa contra o estado, a religião e a sociedade que os gerou. Não, não dá para simpatizar ou empatizar com Alex, mas também não dá para aceitar a lavagem cerebral que lhe retira o livre-arbítrio em prol do bem da coletividade.
O diretor Stanley Kubrick adaptou o livro para o cinema em 1971, mas sem o capítulo final. Na verdade, o próprio livro foi editado sem o capítulo final nos EUA, um pedido feito a Burgess pelos editores; o roteiro de Kubrick baseia-se nessa versão censurada que, dessa forma, elimina o caráter circular e fatalista da obra.
A Técnica Ludovico criada pelo autor para este livro foi usada em um episódio da série Lost.
Sobre o autor
Anthony Burgess nasceu em Manchester em 1917. Formou-se em Inglês pela Universidade de Manchester, serviu no Exército e, entre 1954 e 1960, trabalhou como professor junto ao Serviço Colonial britânico na Malásia. Foi neste período que começou sua carreira literária, escrevendo os livros Time for a Tiger, The Enemy in the Blanket e Beds in the East, que compões o ciclo The Malayan Trilogy.
Ao retornar à Inglaterra, recebeu a notícia de que tinha um tumor no cérebro: os médicos lhe deram no máximo um ano de vida. Mudou-se para a cidade costeira de Hove, no sul da Inglaterra, com a intenção de escrever vários livros para que os direitos autorais pudessem ajudar no sustento de sua esposa depois de sua morte. Um desses livros era Laranja Mecânica, uma extrapolação para o futuro das brigas de gangues que ele presenciou em sua terra natal ao voltar da Ásia.
Mas o diagnóstico estava errado, e Burgess viveu até os 76 anos. Ao morrer, em 1993, deixou uma grande obra em quantidade e qualidade, entre romances, peças de teatro (inclusive uma adaptação de Laranja Mecânica em versão musical), roteiros de cinema e TV e biografias. [Editora Aleph]
Trailer do filme
Link http://www.youtube.com/watch?v=G7fO3bzPeBQ
Nota: Horrorshow
(de 1 a 5, sendo: 1 – Péssimo; 2 – Ruim; 3 – Regular; 4 – Bom; 5 – Excelente)
Este post faz parte da blogagem coletiva Desafio Literário 2011 [v. lista de livros agendados], tema Livro Ficção Científica.
Blog do Desafio Literário
Título: Laranja Mecânica
Título original: A Clockwork Orange [Inglaterra/1962]
Autor: Anthony Burgess
Trad.: Nelson Dantas
Ediora: Artenova
Ano: 1977
Pág.: 205
Ei Naomi, o que aconteceu? Voce está bem? Estava bem?
Oba, Naomi, que bom ter você de volta aos blogs, tweets, skoob, etc. Que houve? Está tudo bem agora?
Titia Batata, que bom tê-la de volta! Computador em ordem agora? Estávamos todos com saudades…
Sobre o Laranja: li o livro há muitos anos, acho que preciso ler de novo, na época não gostei muito (acho que foi mais a história de ter que ir ao glossário no final o tempo todo). O filme me deu nos nervos, nunca mais consegui ver o ator sem ficar com medão dele… 🙂
bjk
Ohhhh, vc voltou, vc voltou!!
Ela voltou 🙂
Você voltou, jura ? Isso não é uma miragem ? Vixe !
Naomi! Que felicidade!!!! Tô rindo à toa! 😆
Confesso que nem vi o post, vim direto pros comentários.
Conta aí… Como é o mundo offline?! 😉
Iarblos, Iarblokos, tolcholkadas no raio que te afastou! 🙂
Bem vinda de volta, se não for um clone criado pelo Mr. “Q” de Star Trek (TNG)!
Depois de sua abdução (Fala a verdade, cê foste abduzida), fiquei monitorando pelo e-mail e pelo feed….
Até que enfim, que cê retornou!
Vi Laranja trocentas vezes, mas não li o livro, que dizem ser bem mais interessante que o filme.
Marcus, feliz com a volta da Tia Batata.
Tomara que a razão do sumiço seja abdução alienígena! Imagina que máximo um post contando tudo?? 😀
Pessoal, tá com cara de post que já estava com a publicação programada, porque eu e várias pessoas demos reply no twitter e não teve resposta. 😦
Adrina! Não! Buááááááá snif snif snif
Menina, que raridade encontrar alguém que também leu o livro!!!!!
Pior que pensei que você havia voltado, mas pelo jeito ainda não… buaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
beijocas!
É verdade, pode ser sim um post programado. Bem lembrado.
O mistério continua. E eu continuo preocupado.
É verdade, post automático… o mistério da Tia Batata continua, infelizmente. 😦
Desconfio, espero que não, que o sumiço da tia Batata tenha a ver com a tragédia que assolou o Japão recentemente… como disse, espero que não tenha sido nada de ruim.
A @telinha telefonou para a casa dela (procurou o nome da família na lista telefônica) e teve resposta que estavam bem, apenas um problema no computador da moça, mas já tá demorando demais.
Hum…não sei o nome da família da Naomi…aliás, nem qual cidade é Pedra Lascada, hehehe
Também acabei de falar com a Naomi, pessoal, tá tudo bem, e ela acha que até o final do mês estará “de volta”. É só o tempo de repor a peça no computador.
Faz sentido! Mandei meu notebook para um reparo, na garantia. Demorou muito pois tinha que repor peça, e foi quase um mês de espera.
Mas, eu ia na lan-house. Até porque, precisava mesmo! E aproveitava para colocar em dia as novidades.
Ô, Lu!
Em Pedra Lascada não tem lan-house?!
Eu até acredito, pois no blogtequim da Cora, num comentário alguém dizia que ainda usava correios e cartas para se comunicar com uma amiga, do interior da Itália, pois lá não tem lan-house…
Adrina, Erika, obrigado!
Fiquei com vontade! De ler e assitir, rs.
Bem vinda de volta ao universo blogueiro!!!
Ô meu Senhor, não há uma santa criatura que doe um micro em boas condições pra ela ? Vixe.
gente este post esta estranho “sem alma”, depois de tanto tempo sem um comentário sei não, quem será que tá aí? fala com a gente please naomi!!!!!
Mistério… titia Batata voltou ou não? Naomi, já sabe que tem muuuita gente sentindo sua falta, e torcendo pro Miguelito se recuperar logo. Apressa o técnico aí, mulher!
Grande beijo e muitas saudades!
Gente, titia Batata apareceu a jato no Twitter inda agorinha, então vamos aguardar…
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Como você faz falta, moça! Não é um livro que eu leria. Não posso dizer o mesmo das suas resenhas. E não suma mais, visse?
Beijocas