Jane Eyre [1970]

Detalhe de uma das capas de DVD

O que fazer quando você é a pessoa deslocada que não gostou de um filme no meio de todos os outros que amaram? [E por você leia-se eu.] Aproveitei que dei conta de assistir à versão 2011 de Jane Eyre sem legendas [meu listening é ruim] e fui assistir á versão de 1970 – dá pra baixar legalmente porque está em Domínio Público [e portanto posso botar o link aqui, hehehehe…] Não é integral, mas são apenas 11 minutos de corte que não parecem ter interferido muito na impressão geral – de qualquer  forma, é exatamente a mesma duração dos dvds disponíveis no mercado, porque os rolos originais de 35mm foram destruídos.

Feito originalmente para exibição na TV, faz parte de uma trilogia da NBC junto com O Morro dos Ventos Uivantes [com Timothy Dalton no papel de Heathcliff] e David Copperfield [com Laurence Olivier]. Jane Eyre 1970 foi exibido no Brasil com o título O destino de uma paixão – senquisgóde esse título se perdeu e o DVD nacional saiu como Jane Eyre mesmo.

A trilha sonora de John Williams venceu o Emmy e o ator principal, George C. Scott, levou o Oscar – não por este filme, claro, porque foi feito para TV [embora fosse exibido em cinemas na Europa] e sim por Patton: Rebelde ou heroi?. Ele recusou e devolveu o Oscar, mas isso não vem o caso aqui.

Edward Rochester (George C. Scott) e Jane Eyre (Susannah York)

O filme inicia-se com a chegada de Jane a Lowood [a fase na casa da Sra. Reed só é mencionada] e esse é o melhor momento do filme, a fase escolar. O roteiro de Jack Pullman descreve em detalhes o horror daquelas instalações insalubres, a crueldade e a injustiça do diretor e a maldade das professoras, a amizade de Jane com Helen Burns e como a personalidade dela sofreria mudanças por tudo isso. Ele apenas omitiu a falsidade religiosa e trocou a parte dos cabelos cacheados: no original, é Helen quem tem os cabelos cortados. Não tem sentido fazer com que Jane  tenha cachos, que são sinal de beleza  – ela é plain, pelamordedadá!

Foi aí que tocou meu sininho de alerta. Na próxima cena Jane já cresceu e virou a Susannah York [31 anos na época da filmagem]. Honestamente? York é uma atriz maravilhosa, mas foi uma péssima Jane Eyre. A atuação dela reflete a época em que o filme foi gravado, não a época em que a história se passa. A Jane Eyre de Susannah York é petulante e soberba [no sentido de orgulhosa], com movimentos balouçantes [oi?]. Não tem a menor sutileza, nada dos movimentos contidos e é abelhuda, tomando satisfações de Mr. Rochester, a abusada. Além disso, nenhuma criada tomaria a liberdade de se sentar à cama do patrão estando ele em pé, não importa que tenha salvado sua vida momentos atrás. [Nas outras versões é ele quem a faz sentar-se, mas em alguma poltrona ou otomana.]

Jane e Mr. Rochester

George C. Scott ganhou um Oscar de interpretação naquele ano, te contei? Pois é… Imagino que tenha feito um baita Patton. Gente, é sério, fui só eu que achei que ele fez um Rochester apático? Quase um autômato? Estou me sentindo mal aqui. A idade bate, OK [43 anos na época]; ele canta [o primeiro das versões que vi até agora – 1944, 1996, 2006 e 2011]; nas cenas que exigem gravidade ele está no seu elemento natural, mas, mas, mas… e cadê o Mr. Rochester que amamos??

E que raios foi aquele discurso em que ele diz que ama Bertha assim como ama Jane agora e conta como era o santório para onde havia enviado a primeira esposa?? Muitas interrogações duplas, muitos momentos WTF. Mas aí zapeio pela Internet e todo mundo que viu o filme elogia e eu me sinto a alienígena do cocô do cavalo do bandido. *Suspiro*

Ah, mas tem uma coisa que gostei: a inclusão de Bertha no roteiro e o consequente desenvolvimento do personagem central masculino. Foi isso o que faltou na versão 2011 [além de tudo o mais]. 😉 A Adèle 1970 foi fofa.

A fase com a família Rivers foi fraca também, sem as relações entre Jane e StJohn e as irmãs, sem a herança; foi uma passagem curta devido à duração total do filme, e o final em si foi meio anticlimático… Decerto essa foi a versão que menos gostei. Tem uns poucos pontos fortes, mas no geral é bem insatisfatório.

No iMDB

Parte 1

Link http://www.youtube.com/watch?v=O2QQxw12HbI

Título: Jane Eyre
Título original: Jane Eyre
• Direção: Delbert Mann
• Roteiro: Charlotte Brontë (romance), Jack Pullman (roteiro)
• Gênero: Drama/Romance
• Origem: Estados Unidos
* Ano: 1970
• Duração: 1h39min

Elenco

George C. Scott … Edward Rochester
Susannah York … Jane Eyre
Ian Bannen … St. John Rivers
Jack Hawkins … Mr. Brocklehurst
Nyree Dawn Porter … Blanche Ingram
Rachel Kempson … Mrs. Fairfax
Kenneth Griffith … Mason
Peter Copley … John
Clive Morton … Mr. Eshton
Fanny Rowe … Mrs. Eshton
Susan Lawe … Amy
Angharad Rees … Louise
Carl Bernard … Lord Ingram
Nan Munro … Lady Ingram
Hugh Latimer … Colonel Dent

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21 comentários sobre “Jane Eyre [1970]

  1. Somos alienígenas então, pq todos os Rochesters e versões que todo mundo ama eu odeio… Mas gosto é gosto… Tem a série de 1983, que é simplesmente enorme com 12 ep, o Rochester é feito pelo Timothy Dalton que pra mim deve ser o homem mais charmoso do planeta, ele faz uma boa interpretação, o problema fica por conta da Jane que parece não saber bem o que está fazendo ali e como eu disse a série se estende e fica bem chatinha.

  2. Oi, Naomi;

    Eu gostei muito dessa versão na época – vi com uns 12 anos, e suspirei muuuuuuuito pelo C. Scott. Achava tudo tão romântico… Talvez uma pá de gente que viu essa versão diz que gosta porque era outra pessoa na época – eu era. Depois que li “Jane Eyre” e vi algumas outras versões (inclusive a com o Timothy Dalton e – perdão, Verena – não gostei e ninguém vai me convencer que TD não é um canastra de primeira) me recusei a voltar a essa primeira versão exatamente porque sei que vou achá-la o uó, exatamente como você.
    Por isso deixo minha ilusão adolescente em paz – e sim, George C. Scott fez um Patton admirável. Te deixa sem fala principalmente na cena em que esbofeteia outro oficial na frente de toda a sala do alto comando de guerra.
    Bjs

  3. Vc gosta da banda The Corrs, Naomi?
    Ano passado Andrea Corr fez Jane aqui em Dublin (perdi). A peça foi criticada por usá-la pra marketing, mesmo ela tendo feito um bom trabalho (e nas fotos ela parece beeeem ‘plain’), e o Mr Rochester não era nada charmoso. Como é difícil achar um casal ‘à altura’, né? Quem sabe na próxima versão 🙂

  4. Não tem a de Zumbis que nem Orgulho e Preconceito, mas tem a versão com Lobisomens, ganhei do meu namorado, mas ainda não tive tempo de ler… http://www.amazon.com/Jane-Slayre-Charlotte-Bronte/dp/1439191182
    Acho que tem essa série de livros com monstro de quase todos os livros da Jane Austen e das irmãs Bronte, li a do Orgulho e Preconceito e Zumbis, que não era nada de mais, levando em conta um monte de criticas positivas que eu vi a respeito.

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