Sinopse
Dia 24 de junho de um ano qualquer. Na Granja do Solar, em alguma parte da Inglaterra, eclode a “Revolução dos Bichos”. Cansados da exploração e da tirania dos seres humanos, os animais expulsam o Sr. Jones, o proprietário da granja, e proclamam sua liberdade. Mas, com o correr dos anos, a dissidência entre eles faz com que seus ideais se tornem frustrados. A Granja dos Bichos – como agora se chama – transforma-se num mundo feito de mentiras, traições e terror.
Eu só conhecia George Orwell de 1984, o livro que deu origem ao termo Big Brother e que conta a história de uma sociedade vigiada pelo regime totalitarista, publicado após A Revolução dos Bichos. Quando elaborei a lista pro DL 2011 lembrei de 1984 e incluí o outro Orwell.
A trama conta a história de um grupo de animais que toma o poder e expulsa os humanos de uma fazenda, passando a gerenciar e produzir em sistema colaborativo. Havia a promessa de mais comida e conforto, aposentadoria e dignidade com menos trabalho. Um hino foi composto, uma bandeira criada e até uma constituição registrada em tinta na parede do paiol.
Esse conjunto de regras pregava o afastamento de tudo o que representasse o tratamento cruel dos humanos ao mesmo tempo em que estabelecia a igualdade entre todos os animais, camaradas de revolução. Garganta, o portavoz, tratava de alardear estatísticas e pronunciamentos em que afirmava que nunca antes os animais estiveram tão bem – embora comessem menos, trabalhassem mais, passassem mais frio e tivessem menos liberdade para expressar suas preocupações e queixas.
Numa alegoria que critica tanto a ganância e a vaidade dos detentores do poder quanto o desinteresse e a ignorância da maioria da população, o autor denuncia o regime stalinista em A Revolução dos Bichos, mas é possível enxergar paralelos com outros governos e situações também, assim como ocorreu com a leitura de O Coração das Trevas [Joseph Conrad]: a polícia do pensamento, o culto à personalidade, o inimigo externo, o inimigo infiltrado, a propaganda, a manipulação da palavra, o abafamento dos protestos pela grita da militância com slogans e palavras de ordem. Tudo isso é característica da mentalidade totalitarista e opressora.