Corações sujos

Eu sou uma pessoa de cabeça fraca e sem força de vontade, admito. Não resisti à sessão dupla dos 50 filmes no TCM e continuei a assistir depois que o primeiro acabou, todo dia [exceto ontem, mas apenas mudei de canal pra acompanhar o futebol americano, então ficou do mesmo tamanho]. Agora güenta esse sono que não passa.

Ah, atualizo o post dos filmes todo dia, depois de assistir.

Em compensação, ontem entreguei o que provavelmente foram as duas últimas análises críticas do ano. Liberdade!

Por coincidência, a última foi a que mais gostei de fazer – não só porque era a última, mas pelo tema: fisiologismo político. O livro é uma reunião de artigos publicados entre 1982 e 1987 pelo Professor José Arapiraca, abordando os efeitos desta prática na educação.

O legal é que dá pra extrapolar tudo pra nossa realidade regional contemporânea quase como se fosse um gabarito e perceber que são as mesmas coisas com nomes diferentes. Digo, não legal no sentido de que usar a res publica em proveito próprio seja bom, ou de saber que isso ainda acontece e em qualquer lugar seja bom, mas no sentido de interessante – palavra que perdeu sua força e passou a significar “não dou a mínima” depois de House.

Me ajudou a entender, por exemplo, por que me incomodou a última ação do prefeito de uma pequena cidade do interior de SP, próxima a Marília, antes de deixar o cargo [dar o nome do pai a uma obra pública] ou o fato de que dois antigos diretores de escola envolvidos na perseguição cultural contra as crianças japonesas no pós-Guerra [citados até no Corações Sujos, do Fernando Morais] batizam duas ruas em Pedra Lascada – e, pior, duas ruas perto de onde eu moro, humpf.

Ímpios.

Aliás, agora bateu curiosidade de saber que apito tocava a pessoa que batiza a rua nonde moro. Provavelmente era alguém de “família tradicional” da cidade, já que o Google não retornou nada.

[O povo gosta muito de “família tradicional da cidade” por aqui. Pode-se dizer que Pedra Lascada tem um fumo oligarquista no sangue.]