Hallowe’en Party

David Suchet e Zoe Wanamaker em Hallowe'en Party

David Suchet e Zoe Wanamaker em Hallowe'en Party

“- O senhor sabe o que é uma festa de Halloween, na véspera de Todos os Santos?
– Eu sei o que é Halloween – disse Poirot. – É o dia 31 de outubro. – Piscou os olhos ligeiramente, ao dizer: – Quando as bruxas voam em cabos de vassouras.”
Agatha Christie, A Noite das Bruxas, trad. Edilson Alckmin Cunha. L&PM. 2010.

George: Not enjoying it, sir?
Hercule Poirot: It is the subject matter, George. It is distasteful. Poirot, he has seen much evil in this world. It should not be the subject of such mockery. Halloween is not a time for the telling of the stories macabre, but to light the candles for the dead. Come, mes amis, let us do so.
Agatha Christie’s Poirot: Hallowe’en Party, episódio 3, temporada 12. ITV. 2010.

Homenagem de NCIS à Agatha Christie

NCIS: S08E11 - Ships in the Night

Um assassinato é cometido num navio de cruzeiro. A vítima, um tenente naval, acabara de flertar com uma agente da Guarda Costeira de folga, coincidentemente a última a vê-lo vivo. Todos os passageiros são suspeitos. A situação é perfeita demais para que DiNozzo resista à tentação de usar mais uma citação do seu vasto acervo cinéfilo.

Agente Anthony DiNozzo: Senhoras e senhores, com licença, se eu puder ter a sua atenção, obrigado. Eu sei que tem sido uma noite longa. Considerem isto o jantar do mistério do assassinato no Potomac. Era um jantar, agora é café da manhã. Bem, parece que o Coronel Mostarda foi morto no convés, com o cano de chumbo. Talvez balas de chumbo. E somente ao interrogar cada um e todos vocês individualmente nós esperamos ver a luz! É o Albert Finney interpretando Hercule Poirot no filme Assassinato no Expresso Oriente, de 1974. *Caham* O assassino pode estar entre nós no momento, então, com licença, sentem-se, porque falaremos com todos vocês, um por um. Obrigado.

No geral, um episódio à altura da Duquesa da Morte. 😉

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Agatha Christie 120 Anos | Murder on the Orient Express / Assassinato no Expresso do Oriente

Espaguete à Bolonhesa do Inspetor-Chefe Japp

Publicado originalmente no TeleSéries.

Philip Jackson em O Assassinato de Roger Ackroyd

Philip Jackson em O Assassinato de Roger Ackroyd (2000)

Inspetor-Chefe James Japp: Não tem nada para comer aqui, Poirot! É tudo macarrone isso, ravióli aquilo… Não tem carne?
Hercule Poirot: Espaguete à Bolonhesa tem carne.
Inspetor-Chefe James Japp: Não gosto de espaguete.

Hercule Poirot, o detetive belga criado por Agatha Christie, é um apreciador da haute cuisine. Na verdade, Poirot é um hedonista [ou seria um epicurista? deixo a questão para os filósofos]. Tanto nos livros quando na série de TV britânica estrelada por David Suchet, os momentos de humor costumam envolver o relacionamento do detetive com a culinária.

Seu associado Capitão Arthur Hastings aprecia tanto os elaborados pratos franceses quanto a tradicional culinária inglesa – embora prefira o café da manhã britânico ao continental. A secretária Miss Felicity Lemon é partidária das refeições saudáveis, magras e sem sabor, mas a vítima preferencial de Poirot na série é o Inspetor-Chefe da Scotland Yard Jimmy Japp. Inglês até os ossos, sua ideia de uma boa refeição inclui carne, gordura e sangue – uma linguiça ou black pudding [parente do chouriço e da morcela].

No episódio The Murder of Roger Acroyd [temporada 7, episódio 1, exibido em 2 de janeiro de 2000], Japp comenta com Poirot que, se herdasse a quantia de dinheiro que a vítima deixou em testamento para o beneficiário, aposentaria-se e viveria no sul da França. O detetive responde: “Non, non, mon ami. Você não toleraria a comida.”

Pelo que vemos no diálogo que abre este post, Japp não é grande fã da cozinha italiana tampouco. Bom, eu sou. Verdade que não tanto do espaguete, entretanto… Prefiro talharim, penne, parafuso e gravata. Então, aqui vai a minha versão de Espaguete à Bolonhesa – sem espaguete e sem carne moída.

Espaguete à Bolonhesa do Inspetor-Chefe Japp

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Evil Under the Sun / Morte na Praia

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There is an evil which I have seen under the sun, and it {is} common among men [Eclesiastes 6.1, Bíblia versão King James]
Vi um mal debaixo do sol, que calca pesadamente o homem. [Eclesiastes 6:1, Bíblia versão católica]

A escritora inglesa Agatha Christie foi batizada na Igreja Anglicana, mas teve contato com o catolicismo, unitarismo, teosofia, zoroastrismo e o espiritismo em sua vida graças à mente avançada de sua mãe. Seu segundo marido, o arqueologista Max Mallowan, era católico romano. Em seus livros a autora costuma apresentar os princípios éticos cristãos ao punir o criminoso, o agente do Mal.

Sua personagem Miss Marple é anglicana, Hercule Poirot é católico; embora a autora defenda a punição do mal supremo que é o homicídio, ela também criticava a severidade exagerada dos fanáticos religiosos que expulsavam jovens grávidas de casa, por exemplo. Para ela, o único pecado imperdoável é tirar a vida de outra pessoa – tanto que se debate em dúvida sobre o que fazer com o criminoso apanhado.

Os romances de Agatha Christie demonstram a gradual mudança de percepção da autora sobre o assunto: se nos primeiros livros o assassino ia diretamente para a forca ou se justificava alguns casos de homicídio, ela passa a dedicar mais atenção à vítima nos livros posteriores.

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Death on the Nile / Morte no Nilo

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– Vaidade? Como motivo para um assassinato? – perguntou a Sra. Allerton, duvidosa.
– Os motivos dos crimes são, às vezes, muito triviais, Madame.
– Quais os mas frequentes?
– O dinheiro. Isto é, para obtê-lo mais rapidamente. Em seguida, a vingança… o amor, e a filantropia.
– Monsieur Poirot! [Agatha Christie, Morte no Nilo, trad. Newton Goldman. Rio de Janeiro: Altaya, n/d]

A terceira regra de S. S. Van Dine para escrever histórias de detetives proclama que “Não deve haver interesse amoroso no entrecho. A questão a ser deslindada é a de levar o criminoso ao tribunal e não a de levar um casal ao altar.”

Agatha Christie obedece a maioria das vinte regras estabelecidas por Van Dine em 1928 na maior parte das vezes, mas a terceira regra é a que ela quebra mais constantemente desde O Misterioso Caso de Styles, seu primeiro romance policial. Hercule Poirot, o detetive belga que ela criou, é um solteirão, sim, porém um solteirão pronto a reunir maridos e esposas afastados pela suspeita ou mesmo unir jovens enamorados no decorrer das investigações. Até o casamento do Capitão Arthur Hastings foi arranjado por Poirot em Assassinato no Campo de Golfe!

A escritora inglesa não aprovava o amor excessivo, entretanto. Manifestações muito efusivas de afeto eram creditadas a personagens de sangue latino e devidamente ridicularizadas, e mais de uma vez ela expôs a condição trágica da mulher que idolatra o marido, quase sempre sem retribuição. Para ela, um homem que seja o alvo desse amor se sente aprisionado, sufocado. “Um que ama, um que se deixa ser amado”, como diz Poirot em Morte no Nilo [“Un qui aime et un qui se laisse aimer“].

Neste livro publicado pela primeira vez em 1937 Christie quebrou ainda a regra n. 9: “Cada história deve ter unicamente um detetive”. Além de Hercule Porot, o Coronel Johhny Race do Serviço Secreto Britânico participa das investigações. Essa é a segunda vez que se encontram, a primeira foi em Cartas na Mesa [em que também participaram Ariadne Oliver e o Superintendente Battle].

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O móvel do crime

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De @hbariani:

Eu ter parado no O Globo foi culpa da @lunaomi Já mudei meu testamento para te incluir, minha cara.
Não tenho muita coisa de valor. Mas deixei 1/3 da minha biblioteca para você, serve ?
E olha que eu tenho algumas preciosidades, como uma edição de Huck Finn traduzida por Monteiro Lobato.
Tenho muita coisa sobre apócrifos e ordens militares medievais sim.

Hercule Poirot sempre inicia suas investigações com uma pergunta: quem lucra com a morte da vítima? 😉

Agatha Christie 120 Anos | Murder on the Orient Express / Assassinato no Expresso do Oriente

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Há muitos, muitos anos atrás, quando eu ia para a Riviera ou para Paris, costumava ficar fascinada pela visão do Orient Express em Calais, e desejava ardentemente viajar nele. Agora, ele já se tornou um amigo velho e familiar, mas a emoção não morreu de todo. Eu vou nele! Eu estou nele! Estou precisamente no carro azul, com uma simples legenda do lado de fora: CALAIS-ISTAMBUL. É, sem dúvida, o meu trem favorito. [Agatha Christie, Desenterrando o Passado, trad. Cora Rónai Vieira. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1976]

Max Mallowan, Agatha Christie e Leonard Woolley em Ur, 1931

Max Mallowan, Agatha Christie e Leonard Woolley em Ur, 1931

Agatha Christie viajou no trem Orient Express pela primeira vez algum tempo depois de separar-se do primeiro marido. O pedido de divórcio feito por Archibald Christie em 1926, logo após a morte da mãe da escritora, levou-a a uma crise nervosa. Agatha desapareceu por onze dias, mobilizando a polícia, a imprensa e o público, e foi localizada num spa com amnésia. O divórcio foi oficializado em 1928.

Ela já era uma autora famosa por seus romances policiais e a viagem pelo Orient Express foi também a primeira viagem desacompanhada em sua vida inteira. No final da parte 7 e em toda a parte 8 de sua autobiografia, ela conta ao leitor como esta viagem foi libertadora psicologicamente, além de narrar todos os percalços por que passou e descrever as pessoas e lugares que conheceu.

Muitas dessas pessoas e lugares foram retratados no romance policial “Murder on the Orient Express”, publicado pela primeira vez em 1933 nos EUA [e apenas em 1934 na Inglaterra] com o título Murder on the Calais Couch. Agatha Christie estava casada desde 1930 com seu segundo marido, o arqueólogo Max Mallowan, que ela conheceu na segunda viagem a Istambul. Mallowan participava de escavações na Síria e, em sua lua-de-mel [planejada pelo marido como uma surpresa para a esposa], o casal voltou a viajar pelo Orient Express. Talvez por isso, ela dedicou o livro a Max Mallowan.

A trama tem inspiração em dois fatos verídicos: o primeiro foi uma viagem do Orient Express em 1929 quando o trem foi apanhado no meio de uma nevasca e passou seis dias isolado no meio do trajeto. O segundo foi o Caso do Bebê Lindbergh, o rapto e assassinato do filho do aviador Charles Lindbergh nos EUA em 1932.

Os trens são maravilhosos. Ainda os adoro. Viajar de trem é ter a possibilidade de observar a natureza e os seres humanos, cidades, igrejas e rios — de fato, olhar a vida. [Agatha Christie, Autobiografia, trad. Maria Helena Trigueiros. São Paulo: Círculo do Livro, 1989]

Em Assassinato no Expresso do Oriente, o detetive Hercule Poirot encontra-se a bordo do trem a caminho de Calais depois de solucionar um caso na Síria. Ele encontrara-se com um velho amigo, Monsieur Bouc, que atualmente é um dos diretores da Compagnie Internationale des Wagons Lits, no restaurante do Hotel Toklatian. Foi M. Bouc quem conseguiu uma vaga para Poirot no trem, “excepcionalmente lotado para esta época do ano”, segundo o condutor Pierre Michel.

No vagão-restaurante, Poirot é abordado por Samuel Ratchett, um americano que lhe oferece um serviço. Poirot e Bouc já o haviam avistado antes no restaurante do Hotel Tokatlian e não tiveram uma boa primeira impressão. Ratchett recebeu ameaças de morte e quer que Poirot o proteja dos inimigos, mas o detetive o recusa: “Desculpe a franqueza, senhor Ratchett. O que não me agrada é a sua fisionomia.”

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Minha semana em série

Boom!, Castle: A conclusão do epsódio anterior, com um serial-killer bem interessante e inteligente desperdiçado nas brincadeirinhas de flerte entre Beckett e Castle. Se pelo menos eles arranjassem logo um quarto e tirassem essa questão do sistema, trazendo o wit de Castle de volta, quem sabe.

The Panty Sniffer, CSI: A cara do Nick quando descobriu o que o Lon Rose vendia foi impagável. Aquilo que o Ray Langston disse sobre as vending machines no Japão é verdade. No Brasil temos o Wando 😆 Finalmente acontece alguma coisa com o Archie. E com a Catherine. A Marg Helgenberger tá usando botox? Tá tão inexpressiva.

The Eleventh Hour, Doctor Who: Não devo ter assistido mais do que meia dúzia de episódios de Doctor Who, mas depois de ler o review da Mica bateu vontade – ainda mais porque eu gostei da meia dúzia que assisti. Adorei este! [Mas chorei quando a Amelia terminou de fazer a mala e foi esperar o Doutor.]

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Minha semana em série

Semana atropelada, quase nada das séries novas que acompanho, então vam’de mais Agatha Christie: além de Poirot, alguns episódios de Miss Marple com a Joan Hickson.

The Body in the Library, Miss Marple: Episódio triplo especial de Natal exibido em 1984 coa Joan Hickson no papel principal. Depois da Angela Lansbury, é a minha Miss Marple favorita. O roteiro é bem fiel ao romance Um Corpo na Biblioteca, os atores correspondem ao que eu imaginei quando li [exceto o que fez o Basil Blake, que é ainda melhor], os cenários também. Foi um ep confortável de assistir mesmo com a longa duração. Oh, sabe o ator que interpreta o Inspetor Slack? Ele é o Dr. Pavlov do filme dos 102 Dálmatas ca Glenn Close!

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Minha semana em série

Spring break lá no norte significa pausa nos episódios inéditos. Nhai. Tudo bem, aproveitei pra adiantar Poirot.

Tick, Tick, Tick…, Castle: Dorga, episódio com continuação. Geralmente deixo pra assistir junto caus que a ansiedade me mata, mas esqueci. Agora é aguentar mais uma semana pra descobrir o que aconteceu. O que me atraía em Castle eram as introduções com cenários intrigantes de crime, a trilha sonora, os crimes em si. Um a um esses elementos foram abandonados em favor dos flertes bobinhos, das historinhas dos personagens fixos… E agora precisa desses subterfúgios pra manter o interesse.

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