Publicado originalmente na Casa Torta.
— I say, that fat’s corking hot. What are you going to put in it?
— Yorkshire pudding.
— Good old Yorkshire. Roast beef of old England, is that the menu for today? (Agatha Christie, 4.50 From Paddington)
Quando li a primeira referência ao pudim de Yorkshire, num livro de Agatha Christie, o que me veio à cabeça foi um pudim cremoso, amarelo, feito com muito leite e ovos, um perfume de baunilha e… doce. Apenas recentemente descobri que o pudim de Yorkshire leva leite, sim, ovos, sim, farinha, gordura – e é salgado.
Feito para enganar o estômago nas épocas de vacas magras, o pudim de Yorkshire é uma espécie de massa assada para aproveitar a gordura e o molho do rosbife. O pudim era assado embaixo da grelha onde estava a carne, para absorver o sumo que dali pingava.
Ele era consumido antes do rosbife, para encher o estômago e saciar a fome antes do prato de carne. Atualmente é servido junto com o rosbife ou mesmo sozinho, combinado com outros temperos (o pudim de Yorkshire feito com pedaços de lingüiça é conhecido como toad in the hole; não sei se aparece nos livros de Agatha Christie mas já vi esta expressão em outras obras).
Receita de Pudim de Yorkshire
Ingrediente para 6 a 8 pessoas
Rosbife:
1 kilo de carne para assar no forno
Modo de preparo
Tempere a carne a seu gosto e asse a 200 graus celsius por 50 minutos.
Pudim de Yorkshire:
2 ovos
125 gramas de farinha
120 ml de leite
30 gramas de gordura de carne ou porco
Modo de preparo
Misture a farinha e 1/2 colher de cha de sal e faca um buraco no centro.
Quebre os ovos dentro do buraco e misture-os delicadamente a farinha.
Acrescente o leite aos poucos.
Quando a mistura estiver homogênea, bata por mais 10 minutos até que se formem bolhas.
Cubra a tigela e deixe descansar na geladeira.
Derreta a gordura em uma assadeira.
Despeje a mistura na assadeira.
Coloque a assadeira na grelha mais baixa, embaixo da carne.
Deixe por 35 minutos.
Pega-se o molho da carne que fica no fundo da assadeira e mistura-se com o gravy, se você estiver fazendo algum vegetal pode aproveitar o caldo também, após tudo misturado serve-se dentro do pudim! E assim que se come tradicionalmente! (Viver em Londres)
Veja aqui uma receita em inglês, com grande quantidade de dicas para não errar o ponto.
Outros puddings salgados
Black pudding é uma salsicha feita com cebola, farinha de aveia, gordura de porco, temperos e sangue (geralmente sangue de porco), equivalente à morcilla espanhola (morcela, em português), blutwurst alemã e boudin noir francesa.
White pudding é quase igual ao Black pudding, mas sem o sangue. Leva farinha de aveia, carne e gordura de porco, pão e sebo. Pode ser mais larga que a versão black.
Haggis é feito de coração, fígado e pulmões de ovelha, farinha de aveia, cebola e temperos, tudo encapsulado dentro de intestinos e cozido. (N. da A.: Parece um pouco com a buchada de bode nordestina!)
Polenta é feita com fubá, bem conhecida de brasileiros, italianos e mexicanos.
E, é claro, nosso também conhecido Steak & Kidney Pudding, mais traduzido como torta de rins e que veremos mais para a frente, depois de outro tipo de pudim.
Alexander Eastley – o filho de Bryan achava os pudins de Yorkshire e as tortas de melaço sensacionais, mas fenomenal mesmo seria encontrar uma pista… (A Testemunha Ocular do Crime, Lista de Personagens)
Houaiss
Datação
1799 cf. HCPer
Acepções
substantivo masculino
Rubrica: culinária.
1 iguaria salgada de consistência macia, preparada com vários ingredientes (cereais, carne de aves, peixes etc.), a que ger. se acrescentam leite, amido e ovos, e assada ou cozida em banho-maria
Ex.: p. de bacalhau, p. de milho
2 sobremesa de consistência cremosa, à base de chocolate, frutas etc., preparada com leite, leite condensado e ovos e assada ou cozida em banho-maria em calda de açúcar queimado
Ex.: p. de pão, p. de ameixa
Etimologia
ing. pudding (sXIII) ‘um tipo de salsicha’, (1544) ‘pudim’, de orig. incerta, talvez conexo com o ing.ant. puduc ‘verruga’, ing.méd. poding e com o b.-al. pudde-wurst ‘salsicha, chouriço’, puddig ‘inchado, intumescido’; f.hist. 1858 podím, 1858 plum-pudím
“Quando li a primeira referência ao pudim de Yorkshire, num livro de Agatha Christie, o que me veio à cabeça foi um pudim cremoso, amarelo,”
Eu pensei que fosse algum tipo de pudim de cachorro, uma iguaria chinesa ou algo assim.
hahaha! lembro que, na época em que fiz as pesquisas pra escrever este texto, tinha uma resposta no yahoo!answers que dizia isso.
😆
A-do-ro Yorkshire Pudding! A mãe do meu padastro (que é inglês de Yorkshire), minha vó inglesa, faz que é uma beleza. A gente já tentou algumas vezes aqui em casa, até que deu certo. 🙂
Rosbife com yorkshire pudding é o meu prato inglês favorito.
tá nos planos pra testar tb;)
A-DO-RO!!!!!!!!!!!
🙂
Eu jurava que era doce! O.o Surpresa total. Bem, o pudim me pareceu até gostoso, mas o restante da lista! Afe, estou dispensando! rs
num é, patrícia? pudim = doce, é automático.
😆
Olha, pra ser sincera…num apetece não. A lista está mesmo de lascar, incluindo a polenta. Num posso com polenta, argh, e meu filho AMA. Sofro.
E ah, eu vi o recado. Brigada, é uma honra! 🙂
aaah, tirando a morcela, o resto encaro sem muito problema, hehehe… meio que estômago de avestruz.
😉
Totalmente Nham.
nué?
Para assar junto com a carne? Batata!
Inglesa.
😉
ô, agora fiquei até corada.
hahahahaha!
hummm, adoro batatas coradas! rá! : D
Mondiê, isso que é comer cultura. A gente leva tantas coisas à boca, lambe os beiços e e o paladar fica feliz. Mas a cabecinha fica a ver navios.
Hummmm….fiquei com água na boca com esse tal de haggis.
luma, e eu que jurava que haggis tinha a ver com peixe? é citado em livros e filmes – que não lembro de enhum no momento, claro.
😉
Totalmente Nham (1).
Só não entendi isso – você despeja na forma e como ele fica redondinho de buraco no meio?
Também achava que ele era docinho.
Eu queria a receita do pudim que aparece na história de “O natal de Poirot” – o que é feito quando o padre dá a dica 🙂
Haggis é escocês, pois não?
Bjs
pelo que imagino, esses da foto foram feitos em forma tipo de muffins. a forma e a gordura que é colocada nela tem que estar bem quente.
como a massa é praticamente ovo puro, quando você despeja ela fluffeia onde tem contato com a forma e colapsa no centro, dando esse efeito.
é o que imagino.
😆
Ou seria “A aventura do pudim de natal”?
Confuso.
uma que tem uma prenda na massa? moeda de prata, o anel do solteirão, etc.?
se for, publico aqui na semana que vem, é o próximo da sequência de puddings.
😉
É, esse mesmo. Na verdade, em Portugal e por aqui ele é na verdade o bolo de Reis – o que tem as prendas dentro. O dedal de trabalho, o anel de solteirão…
Se bem me lembro eram dois pudins, feitos com antecedência, e mais o dito da história, que estava sendo feito numa outra forma, lisa, porque a decorada se quebrara. E tinha o ritual de todo mundo ir à cozinha mexer o tal pudim, pra dar sorte.
Comi Haggis uma vez, na casa de um amigo escocês (ih, rimou). Você sua horrores!
ah, então pódeixar que já tá programado, é esse mesmo.
😉
ah, e eu sempre confundo esses dois livros também.
nhai.
Era o meu prato favorito nos London Times =)
Eu também adoro o Christmas Pudding (doce), mas dos outros acima, que envolvem miúdos, eu só lembrava do nosso Sarapatel e juro, nunca provei. Pode até ser que sejam gostosos, mas euzinha, tô fora!
Beijos
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